quinta-feira, 12 de junho de 2025

Ginástica laboral previne as doenças ocupacionais

Ginástica laboral previne as doenças ocupacionais Milhares de pessoas são afastadas do emprego devido a doenças relacionadas ao trabalho. Dor nas costas e hérnia de disco são os males que mais causam licença dos trabalhadores no Brasil Todos os anos, milhares de brasileiros estão expostos a condições de trabalho que põem em risco a própria saúde. Em função da atividade profissional exercida, muitos trabalhadores adquirem distúrbios físicos e psicológicos conhecidos como doenças ocupacionais. Em 2024, a dor na coluna e a hérnia de disco foram as maiores responsáveis pelo afastamento de trabalhadores. Neurocirurgião especialista em coluna, Túlio Rocha destaca a importância da ginástica laboral para a prevenção. “A ginástica laboral é crucial na prevenção das doenças ocupacionais, especialmente as dores nas costas e a hérnia de disco, que são as principais causas de afastamentos por mais de 15 dias. Ela reduz o risco de lesões musculoesqueléticas, melhora a postura e a mobilidade e contribui para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo”, informa o neurocirurgião. A ginástica laboral é uma prática de exercícios físicos de curta duração realizados durante o expediente de trabalho, com o objetivo de prevenir lesões, melhorar a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Ela geralmente consiste em exercícios de alongamento e relaxamento, além de movimentos que aliviam o estresse muscular e mental. Doenças laborais, também conhecidas como doenças ocupacionais ou doenças do trabalho, são condições de saúde que surgem ou são agravadas pelo ambiente de trabalho. Elas podem ser causadas por agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, e podem afetar a saúde física e mental dos trabalhadores. Em 2024, mais de 3,5 milhões de afastamentos de trabalhadores foram liberados pelo Ministério da Previdência Social. As doenças relacionadas a dores na coluna lideraram o ranking, com 205,1 mil benefícios; seguida da hérnia de disco, com 172,4 mil afastamentos de pessoas por mais de 15 dias do trabalho. Doenças associadas ao trabalho, contudo, obrigam a se afastarem dos cargos e provocam redução da produtividade em diversos setores econômicos. Em geral, costuma-se associar as doenças laborais a profissões de risco evidente, como no caso dos operários que extraem ou moem amianto e ficam expostos à asbestose – doença incurável que provoca inflamação e fibrose nos pulmões, que perdem a elasticidade e por isso surgem sintomas como falta de ar, cansaço e dores nas costas – ou a cânceres relacionados a esse material. Dores nas costas e hérnia de disco A lombalgia, ou dor nas costas, pode surgir ao permanecermos sentados durante períodos prolongados. O problema se torna ainda mais frequente com o uso contínuo de uma cadeira inadequada, sem suporte para os braços e apoio extra para a lombar, que preserva a curvatura correta das costas. Estudos demonstram que 84% da população adulta sofre pelo menos um episódio de dor lombar na vida. Atualmente, a lombalgia é considerada um problema de saúde pública por figurar entre as principais causas de incapacidade laboral do mundo. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 5,4 milhões de brasileiros sofrem com hérnia de disco. De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), oito em cada dez pessoas sofrem de hérnia de disco em todo o mundo. O termo hérnia é utilizado pelos médicos para descrever qualquer tecido ou órgão que se desloca do seu local de origem para outro lugar por uma abertura anormal. Entre as vértebras estão os discos intervertebrais, estruturas em forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico cuja função é evitar o atrito entre uma vértebra e outra, além de amortecer o impacto. A hérnia de disco leva a pessoa sentir fortes dores nas costas, que podem impedir a realização de até mesmo atividades simples e que exijam o mínimo de esforço. Por isso, a doença é a segunda maior causadora dos afastamentos por mais de 15 dias do trabalho. “O trabalhador que tem mais probabilidade de ser afetado por dores nas costas e hérnia de disco por conta da atividade profissional é aquele que realiza atividades que envolvem esforço físico intenso, movimentos repetitivos, postura inadequada e levantamento de peso, ou que trabalha em ambientes que exigem permanência em posições forçadas por longos períodos”, explica Túlio Rocha. Os principais grupos de trabalhadores que correm mais risco de sofrerem com dores nas costas e hérnia de disco são os profissionais da saúde, trabalhadores da construção civil e operadores de máquinas, motoristas profissionais, trabalhadores de escritório e profissionais que trabalham em ambientes que exigem posições forçadas – cabeleireiros, dentistas, esteticistas, manicures e outros que passam muito tempo com a cabeça e os braços em posições específicas. Relevância e impacto da ginástica laboral Túlio Rocha destaca que a ginástica laboral traz inúmeros benefícios para a vida do trabalhador. Entre eles, a prevenção de doenças ocupacionais e o alívio dos sintomas de condições como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), lesões por esforço repetitivo (LER) e lombalgia. Outro benefício é a melhora da postura, pois a ginástica laboral auxilia na correção da postura, especialmente em trabalhadores que permanecem sentados por longos períodos, reduzindo o risco de lesões na coluna. “A ginástica laboral pode diminuir a intensidade e frequência da dor nas costas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, além de fortalecer os músculos da coluna, o que ajuda a prevenir a hérnia de disco e outras lesões. A prática regular de exercícios pode ainda reduzir os níveis de estresse dos trabalhadores, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo”, explica o neurocirurgião. Ao prevenir e tratar as principais causas de afastamentos, a ginástica laboral contribui para a redução do absenteísmo e o aumento da produtividade. A ginástica laboral melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, reduzindo a fadiga e aumentando o bem-estar. “A prática de exercícios durante o trabalho pode incentivar os empregados a adotarem um estilo de vida mais ativo também fora do trabalho. Custos para as empresas Empresas de todos os portes estão sujeitas à ocorrência de doença do trabalho e de doença profissional. De acordo com dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, o Brasil registrou 4,5 milhões de ocorrências e 16,4 mil mortes de trabalhadores entre 2012 e 2018, incluindo acidentes e afastamentos causados por doenças. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o equivalente a US$2,8 trilhões, são perdidos por ano em custos diretos e indiretos devido a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Ainda segundo a OIT, de 2012 a 2020, o gasto previdenciário com doenças e acidentes no trabalho ultrapassa os R$100 bilhões somente com despesas acidentárias. Serviço Pauta: Doenças degenerativas da coluna Especialista: Médico Túlio Rocha – neurocirurgião especialista em coluna

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